Tratamento da Enxaqueca na crise tem momento ideal
– “Será que eu tomo o remédio da crise de enxaqueca agora, ou espero mais um tempo para ver se precisa tomar mesmo?”
Esta é uma dúvida frequente entre pacientes, no tocante ao tratamento da enxaqueca: deve-se ou não adiar a tomada do remédio da crise de dor de cabeça?
Crise de enxaqueca é, sem sombra de dúvida, um grande sofrimento – afinal, ela vem com dor de cabeça forte, além de outros sintomas (conheça aqui os sintomas da enxaqueca além da dor de cabeça). Consequentemente toda ação médica do tratamento da enxaqueca é voltada para o objetivo de minimizar a frequência, intensidade e duração das crises. E nesse sentido, é importante não apenas escolher e utilizar corretamente o remédio da crise de enxaqueca, mas também compreender o momento correto para tratar a crise.
Tratamento da enxaqueca não elimina chance de crises
Por mais eficaz que seja um tratamento para prevenir as crises de enxaqueca, não é possível garantir que o paciente nunca mais terá uma crise sequer. É muito mais realista vislumbrar uma boa redução na frequência da dor de cabeça como resultado de um tratamento de enxaqueca bem sucedido. Se você ainda não leu meu artigo explicando como determinar, objetivamente e sem sombra de dúvida, se e quanto o tratamento da sua enxaqueca está funcionando, então leia agora e volte aqui depois.
Remédio da crise é parte da estratégia de tratamento da enxaqueca
Assim, faz parte de qualquer tratamento da enxaqueca a prescrição de um remédio, ou conjunto de remédios, ou sequência de remédios, para a eventualidade de uma crise. Existem remédios de vários tipos para indivíduos diferentes, dores de cabeça diferentes, sensibilidades diferentes, idades e estados de saúde diferentes. Quais desses remédios podem ser mais adequados, seguros e eficazes à sua crise de enxaqueca, somente o seu médico de confiança pode responder e escolher com propriedade – portanto não discutiremos esse mérito aqui.
O que vale à pena ser esclarecido, no entanto, é a dúvida frequente de quando fazer uso do remédio prescrito pelo médico para o tratamento da crise de enxaqueca!
Em outras palavras: suponhamos que você iniciou um tratamento médico preventivo para enxaqueca. Recebeu de seu médico uma prescrição de drogas – ou então remédios naturais, acupuntura, homeopatia (a depender da linha de tratamento seguida por seu médico) e também uma prescrição de remédios para serem utilizados num momento de crise de enxaqueca, caso venha a surgir uma dor de cabeça. [Aliás, se você sofre de enxaqueca, além de todo e qualquer tratamento você também deveria também ler meu livro e aplicar as dicas e recomendações, passo a passo, de mudanças de hábitos e estilo de vida – mudanças essas que podem influenciar de dentro para fora a sua enxaqueca.] Uma vez implementado o tratamento da enxaqueca, resta apenas observar se esse tratamento está dando resultado.
Mas e se, em meio ao tratamento, aparecer uma crise de enxaqueca? Uma crise é perfeitamente possível de ocorrer, e não significa necessariamente que o tratamento está inadequado – afinal é preciso contabilizar a frequência, intensidade e duração de várias crises ao longo de um certo período de tempo (variável para cada caso), a fim de avaliar a real eficácia de um tratamento.
Várias possíveis intensidades de dor de cabeça
Ou então, supondo que apareça uma dor de cabeça que não é uma crise de enxaqueca propriamente dita, mas ainda assim é uma dor de intensidade leve a moderada – o que fazer? Tomar o quanto antes o remédio prescrito pelo seu médico para esse tipo de dor menos intensa? Esperar um pouco e não tomar ainda o remédio para ver se a dor de cabeça melhora sozinha?
Recebeu instrução específica do seu médico? Siga.
Em alguns casos clínicos específicos, cabe ao médico instruir de forma pragmática, para que o paciente tome o remédio para crise de enxaqueca ao primeiro sinal de dor de cabeça. Se este for o seu caso, este artigo não se aplica a você. Em outros casos, como aqueles nos quais o médico institui uma estratégia individualizada para o paciente que vinha, previamente à consulta, fazendo uso diário de analgésicos, a instrução médica também pode (e deve) ser específica, cabendo ao paciente segui-las a risca.
Quando a decisão de tomar o remédio da crise é só sua…
Porém na maioria dos casos, o médico confere ao paciente autonomia de decisão quanto ao momento mais apropriado de recorrer ao remédio para o tratamento da crise de enxaqueca. Nesses casos, a decisão vai depender do bom senso do paciente. Se este é o seu caso, este artigo foi escrito para você. Continue lendo!
É justamente no sentido de orientar este bom senso que escrevi este artigo.
Então, vamos lá:
Quando a dor de cabeça está forte, qualquer um terá facilidade em concluir que precisa fazer uso do remédio da crise de enxaqueca. Portanto, vamos nos concentrar na suposição que a dor não está forte nesse momento.
A dor leve a moderada pode ir embora sozinha?
Por um lado, é sempre mais fácil debelar uma crise de enxaqueca no início, quando a dor de cabeça ainda se encontra com intensidade leve a moderada, e o enjôo (náusea) não se instalou.
Por outro, você pode estar se perguntando, e com toda razão, se, com a introdução do tratamento preventivo, suas dores de cabeça leves a moderadas poderiam simplesmente passar a ir embora por si mesmas após algum tempo, evitando o uso de qualquer remédio. Afinal, é por isso que você está em tratamento preventivo!
Nesse dilema, há dois fatores a considerar:
1. Você pode conhecer sua enxaqueca o suficiente para saber, por experiência, que algumas das suas dores de cabeça leves a moderadas não se transformam, necessariamente, em crises e não necessitariam tratamento agressivo pois tendem a ir embora por si mesmas após algum tempo;
2. Um tratamento preventivo bem-sucedido da enxaqueca pode resultar, especialmente nos primeiros meses, em “ameaças” que não se convertem, necessariamente, em crises (mas que antes do início desse tratamento teriam se convertido em crises – sinal de que seu tratamento da enxaqueca está dando resultado).
Como saber se é para tomar ou não o remédio da crise de enxaqueca, mediante uma dor de cabeça leve a moderada?
Aqui vai minha sugestão. Encare-a apenas como o que ela é – uma sugestão, uma informação a mais para você, baseada na minha experiência, para orientar o seu bom senso
No início do tratamento preventivo da enxaqueca:
No início de um tratamento preventivo, a menos que você tenha recebido uma orientação específica em contrário, adote o seguinte princípio: pergunte-se quantas das dores de cabeça leves a moderadas que você normalmente tem (compare com o período anterior ao início do tratamento), se transformam em fortes caso você não tome o remédio da crise logo quando a dor se inicia.
Faça uma estimativa perguntando-se: “- De 10 dores de cabeça leves a moderadas, quantas vão embora sozinhas, e quantas acabam se transformando em crise forte?”
Se a resposta for que a maioria das dores de cabeça leves a moderadas se transforma automaticamente em dores fortes, então não espere e tome o remédio da crise o quanto antes, pois uma vez forte a dor de cabeça, o tratamento da crise de enxaqueca pode ser mais difícil e acarreta em redução mais drástica da sua qualidade de vida. A menos, repito, que a orientação médica que você recebeu tenha sido especificamente em contrário, caso no qual você já deverá simplesmente implementar essa orientação.
Se, por outro lado, a resposta for que a maioria de suas dores leves/moderadas não se transforma em dores fortes, pode valer à pena a iniciativa aguardar mais tempo antes de tomar o remédio, para ver que caminho a dor de cabeça segue. Especialmente agora que você está em tratamento preventivo!
Após algum tempo de tratamento preventivo:
Após 1 a 2 meses de tratamento preventivo, pode valer à pena arriscar e tentar não tomar o remédio da crise de enxaqueca face a qualquer ameaça de dor, especialmente se você observou uma redução significativa na frequência dessas ameaças em associação ao tratamento. Por outro lado, se essa redução tiver sido muito grande, você tem o direito de não querer nem sequer arriscar e tomar logo o remédio prescrito para o caso de uma dor de cabeça. Afinal, como as dores de cabeça se espaçaram, não há perigo iminente de frequência excessiva de uso de analgésicos (ou outros remédios para crise prescritos pelo seu médico).
Procedendo dessa maneira, de forma organizada e sistemática, você poderá chegar às mais interessantes e úteis conclusões – por exemplo, que durante o período menstrual é melhor tomar o remédio à primeira ameaça de dor de cabeça, em contraposição a outros períodos do mês.
Enfim, você pode utilizar o conhecimento acima no intuito de continuar aprimorando seu bom senso para fazer um uso o mais sensato possível dos seus remédios de crise de enxaqueca. É claro que meu sincero desejo é que você nunca mais tenha uma crise sequer!
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Dr. Alexandre Feldman, CRM(SP) 59046
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