Ressonância Magnética – Focos de Alteração Inespecífica na Substância Branca
Você sofre de enxaqueca e o médico pede uma ressonância magnética. No laudo tudo parece normal, exceto por focos de alteração de sinal (hipersinal) da substância branca. Frequentemente, no laudo também se lê: …”podendo corresponder a gliose ou desmielinização.”
Primeira coisa: não há motivo para se desesperar. Estas alterações são muito comuns em portadores de enxaqueca. Embora ninguém saiba ao certo o que elas representam, sabe-se que não causam sintomas ou outras consequências.
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Já estou quase ouvindo você argumentar: – “Ah, mas eu li / ouvi falar que a esclerose múltipla tem lesões parecidas.”
É aí que entra uma coisa chamada especificidade do exame. Essas lesões são inespecíficas – ou seja, o contrário de “específicas”: não estão presentes apenas em casos de esclerose múltipla. Aliás, podem muito bem ocorrer em pessoas que não têm esclerose múltipla. Por exemplo, pessoas que fumam podem apresentar esse tipo de alteração. Ou portadores de enxaqueca. Seu médico poderá excluir com mais segurança a esclerose múltipla ao interpretar o exame: se houverem “inúmeros focos de alteração na substância branca” por todo o cérebro e medula espinhal, a probabilidade de esclerose múltipla aumenta. No caso da enxaqueca, esses focos não são “inúmeros”, mas sim “esparsos”.
Tratar o paciente, e não o exame
Acima de tudo, a história do paciente (ou seja, o relato que o paciente faz dos sintomas para seu médico) é soberano. Deve-se tratar o paciente e não o exame. O exame deve entrar no contexto da história e dos achados clínicos. Se você tem história compatível com enxaqueca e não com esclerose múltipla, as alterações da ressonância magnética não devem causar a menor preocupação com esclerose múltipla. Mais uma vez, tudo o que você precisa é de um bom médico que leia, interprete e confirme sua hipótese diagnóstica de enxaqueca.
Esse tipo de alteração na ressonância magnética é super comum, podendo ocorrer em quase metade dos portadores de enxaqueca (comparado a 10% ou menos da população em geral). Tanto quanto se sabe, essas lesões inespecíficas não são progressivas, nem estão associadas a perdas de memória ou qualquer outra deterioração do cérebro!
Embora esteja comumente associada a casos de enxaqueca, nunca foi cientificamente provado que esta alteração seja efetivamente causada pela enxaqueca. Neste caso é importante refletir que “ausência de provas” não é sinônimo de “prova de ausência”. Portanto, é mais seguro trabalhar com a hipótese que a enxaqueca estaria causando essas lesões. Embora não saibamos o significado delas, uma coisa é certa: o melhor a fazer é tratar a enxaqueca, de modo a minimizar seus sintomas e consequêncis. E é exatamente isso que seu médico fará. Ao mesmo tempo, você pode implementar as mudanças de hábitos e estilo de vida sugeridas no meu curso.
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Dr. Alexandre Feldman, CRM(SP) 59046
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