Propranolol, Nadolol, Atenolol e Similares
O Propranolol, assim como o Atenolol, Nadolol, Metoprolol, Bisoprolol e Nebivolol pertencem a uma classe de remédios preventivos para enxaqueca, denominada bloqueadores ß-adrenérgicos, ou simplesmente betabloqueadores.
O Propranolol é o representante mais típico, mais amplamente acessível e utilizado, dentre os betabloqueadores, para a prevenção (minimização da frequência, intensidade e duração das crises) de enxaqueca.
Os betabloqueadores atuam bloqueando os efeitos do hormônio adrenalina e são utilizados há muitas décadas para o tratamento de doenças como a pressão alta, alterações da frequência e ritmo cardíaco, bem como enxaqueca.
A ação dessa categoria de drogas na enxaqueca foi descoberta por acidente: Na década de 1960, um jovem médico americano, Dr. Ralph Rabkin, estudava a ação do propranolol num paciente que sofria de um problema cardíaco e também de enxaqueca. Esse paciente relatou boa redução da frequência e intensidade das crises de enxaqueca com o uso da medicação. Isso resultou na investigação e publicação do primeiro artigo sobre a ação dessa droga na enxaqueca, em setembro de 1966, no American Journal of Cardiology, volume 18, número 3, páginas 370-383. Graças à curiosidade, valorização dos sintomas do paciente e investigação deste médico na área de cardiologia, o propranolol e outros betabloqueadores faz parte da linha de frente de medicamentos utilizados em pacientes com enxaqueca. O autor do trabalho, Dr. Ralph Rabkin, é hoje Professor Emérito de Medicina (nefrologia) na Universidade de Stanford.
Alguns possíveis Efeitos Colaterais:
Se tanto médicos quanto pacientes conhecerem os potenciais problemas associados ao uso de propranolol e outros betabloqueadores, e tomarem medidas necessárias para evitá-los através de um monitoramento e prescrição adequados, esses remédios podem se tornar uma opção de tratamento preventivo da enxaqueca.
O uso de betabloqueadores pode provocar sensação de cansaço, fadiga, falta de energia, ganho de peso, queda de pressão arterial, diminuição da libido (desejo sexual), depressão, aumento dos triglicérides no sangue, diminuição da frequência cardíaca, tonturas, desmaios, crises de asma (falta de ar e chiado no peito) em quem já sofre ou sofreu da doença, pés e mãos frias, inchaço nos pés e/ou mãos, aumentar o risco de diabetes do tipo II e AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico.
Betabloqueadores como propranolol, diminuem a produção de melatonina. A melatonina é produzida no cérebro enquanto dormimos profundamente na escuridão total, e tem o papel de melhorar a qualidade do sono, além de exercer grande papel antioxidante e equilibrar uma série de hormônios (inclusive o estradiol e testosterona, hormônio do crescimento, prolactina) e neurotransmissores (por exemplo, a serotonina).
Betabloqueadores podem agravar doenças arteriais periféricas.
Interessantemente, propranolol, nadolol, atenolol e outros betabloqueadores em doses adequadas, não costumam causar queda de pressão arterial em pacientes que não sofrem de pressão alta. Porém em casos individuais isso pode acontecer, levando a síncopes (desmaios momentâneos quando a pessoa está de pé ou sentada, a pressão está baixa e o sangue e oxigênio não chegam em quantidade suficiente ao cérebro, levando a um estado momentâneo de inconsciência, queda ao chão, nivelamento da cabeça com o coração propiciando o bombeamento de sangue e oxigênio e conscequente restauração imediata da consciência).
Algumas Interações Medicamentosas:
Interações medicamentosas não necessariamente precluem o uso conjunto dos remédios, porém requerem monitoramento cuidadoso.
A administração concomitante de betabloqueadores e clorpromazina (nome fantasia Amplictil, entre outros), pode causar queda da pressão arterial (hipotensão), já que uma droga interfere com a eliminação da outra, resultando em níveis mais elevados do betabloqueadores e aumento do seu efeito antihipertensivo). O mesmo problema pode acontecer com a administração concomitante de tioridazina (um antipsicótico, nome fantasia Melleril entre outros).
A administração concomitante de betabloqueadores e antagonistas de receptores H2 (ex: cimetidina, ranitidina) pode resultar num aumento dos níveis e/ou concentração do betabloqueador no sangue, e retardo no tempo de eliminação dele no organismo.
Entre outras classes de remédios com as quais os betabloqueadores podem interagir, estão os anestésicos, anticoagulantes e hipoglicemiantes orais.
Principais contraindicações:
Contraindicações podem ou não impedir o uso de um medicamento. Existem dois tipos de contraindicações: as absolutas e as relativas. Ao contrário das contraindicações absolutas, nem todas as contraindicações relativas impedem o uso de um medicamento. Pelo contrário: a maioria não impede. Se uma contraindicação relativa impede ou não a administração do medicamento, depende de fatores individuais que somente seu médico poderá determinar. Este artigo apenas enumera algumas das principais contraindicações, para finalidade meramente informativa, e não possui a pretensão de diferenciar contraindicações relativas e absolutas.
Betabloqueadores são contraindicados principalmente em casos de doenças arteriais periféricas, diabetes, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite crônica e enfisema).
Somente para você ter uma ideia de como funciona o raciocínio da contraindicação: No caso de asma, por exemplo, o nível de contraindicação varia se a asma é atual e severa, ou se essa asma ocorreu somente na infância e o paciente, já adulto aos 40 anos, se apresenta sem asma desde os 10 anos de idade. Mesmo na vigência de asma atual, pode-se, dependendo do optar por um tipo de betabloqueador chamado cardioseletivo. Então, só porque você leu as principais contraindicações no parágrafo anterior, não significa necessariamente que é proibida a prescrição de betabloqueadores. Pode significar apenas que essa prescrição deve ser mais cuidadosa e exigir monitoramentos além dos principais, enumerados abaixo.
Principais monitoramentos:
O principal monitoramento para betabloqueadores é a frequência cardíaca. Drogas da família do Propranolol, Nadolol e Atenol podem provocar diminuição da frequência cardíaca (condição clínica conhecida como bradicardia). Frequência cardíaca é o número de batimentos cardíacos por minuto. Para medir a frequência cardíaca, pode-se tomar a pulsação, contando os batimentos cardíacos durante 1 minuto. Seu médico determina, individualmente, o limite de frequência cardíaca abaixo da qual se deve ajustar (reduzir) a dosagem da medicação. Como a frequência cardíaca pode variar grandemente durante as 24 horas do dia, alguns médicos solicitam um eletrocardiograma de 24 horas (Holter), com a finalidade de monitorar a frequência cardíaca inclusive durante a madrugada, durante o sono profundo, quando a frequência é mínima, a fim de se certificar que ela não se encontre abaixo dos níveis seguros para cada caso.
Pode-se também, em certos coasos, monitorar os níveis de triglicérides e colesterol no sangue. Betabloqueadores podem elevar triglicérides e diminuir o colesterol HDL (“colesterol bom”).
Pacientes diabéticos em uso de betabloqueadores devem ter seus níveis de glicemia monitorados com mais cuidado.
Gravidez e Amamentação:
O propranolol e outros betabloqueadores se enquadram numa categoria de remédios que o FDA norteamericano chama de Categoria C. Isso significa que estudos em animais demonstraram efeitos adversos no feto, porém não há estudos controlados em fetos de seres humanos; e que o uso na gravidez deve ser determinado pela relação risco-benefício. Exemplos de possíveis riscos de efeitos adversos no recem nacido: problemas pulmonares, cardíacos (ex: bradicardia), prematuridade, entre outros.
No caso do uso de betabloqueadores no tratamento preventivo da enxaqueca, essa relação risco/benefício deve ser estudada muito cuidadosamente. Especialmente quando certas mudanças-chave no estilo de vida, como aquelas delineadas detalhadamente no meu livro; aliadas a tratamentos não farmacológicos (por exemplo, certas técnicas de acupuntura) podem ser opções eficazes de tratamento preventivo a serem tentadas.
A maior parte da família dos betabloqueadores passa, em maior ou menor grau, para o leite materno. De todos os betabloqueadores, o propranolol é o que menos passa. A Academia Americana de Pediatria considera o uso do propranolol como sendo “geralmente compatível com a amamentação”.
Cuidados com betabloqueadores:
Dependendo da dosagem, não se deve suspender abruptamente o uso de betabloqueadores, pois aumentaria o risco de palpitações, angina (dor no peito por falta de oxigenação suficiente do coração) e outros problemas vasculares decorrentes da suspensão brusca do efeito antihipertensivo da medicação.
Informações
Agendamento
Dr. Alexandre Feldman, CRM(SP) 59046
Atendimento Online e Presencial