Na quinta-feira, 29 de março de 2007, a imprensa brasileira noticiou o impensável: ninguém menos que o Rabino Henry Sobel, teria sido preso por autoridades norte-americanas, sob alegação de haver retirado gravatas de uma loja de grife nos Estados Unidos, sem pagar. Essa notícia propagou-se rapidamente e acabou na capa dos principais jornais brasileiros no dia seguinte.
Por mais que lesse a notícia, por mais que os artigos procurassem não deixar dúvida de que foram embasados em fontes fidedignas, eu tinha uma única, absoluta e inabalável certeza: O Rabino Sobel não fez nada daquilo.
Eu só não conseguia entender uma coisa: como é que aquela entidade, com a cara, o corpo e o documento de identidade do Rabino Sobel poderia não ser o Rabino Sobel?
A minha certeza é embasada na lógica: em primeiro lugar, Rabino Henry Sobel é um ser humano íntegro e acima de qualquer suspeita. É recebido e admirado por chefes de Estado, Papas e líderes de todas as esferas. Suas opiniões e ações têm sido publicadas no The New York Times e jornais de maior prestígio do mundo. Ele dedica sua vida a causas humanitárias. É presidente da Congregação Israelita Paulista há 35 anos, celebra cerimônias religiosas, aconselha e conforta inúmeras pessoas e famílias em situações de crise, não importando a data e hora. Organiza reuniões e palestras com os nomes mais expressivos da intelectualidade. Em segundo lugar, o Rabino Sobel tem um padrão de vida que lhe permite facilmente comprar as gravatas que quiser. Em terceiro lugar, uma pessoa tão pública ganha tantas quantas desejar, bastando pedi-las à grife em São Paulo. Por último, não é preciso ter a mente brilhante de Henry Sobel para saber que um furto numa loja de luxo, superprotegida com seguranças e circuito de câmeras, não faria bem à carreira de ninguém.
Acompanhei as notícias e descobri que o Rabino Sobel vinha, há algum tempo, fazendo uso de diversos medicamentos psicotrópicos. Um artigo no site do jornal O Estado de São Paulo, datado de 30 de março de 2007, diz que ele tomava, imoderadamente, hipnóticos e diazepínicos. Como médico, posso afirmar a partir da minha experiência, que infelizmente, essa ingestão imoderada de remédios não é nada incomum em pessoas com a carga de trabalho e responsabilidades do Rabino Sobel.
E também não é incomum entre portadores de enxaqueca!
Um sem-número de enxaquecosos faz uso de diazepínicos, muitas vezes associados a antidepressivos, anticonvulsivantes e outros remédios com impacto indesejável e imprevisível no cérebro e sistema nervoso central como um todo. Tenho casos, no meu consultório, de pessoas em uso de um único comprimido diário de antidepressivo em baixas doses, que desenvolveram sérios problemas de cognição. Em um dos relatos, a pessoa me contou que estava dirigindo numa grande avenida por onde ela passava quase que diariamente, e de uma hora para outra, ela simplesmente não fazia idéia de onde estava. Parou o carro em desespero, e felizmente para ela, o problema desapareceu em cerca de 15 minutos.
Medicamentos diazepínicos podem, à primeira vista, estar envoltos no “inocente” rótulo de ansiolíticos. É assim que a indústria os propaga. É assim que eles são vendidos e geram lucro.
Mas e o prejuízo que eles podem causar à vida de uma pessoa? É fato que o uso de ansiolíticos diazepínicos pode – SIM – provocar pensamentos descoordenados e anormais, incluindo desorientação, ilusões, perda do senso da realidade, confusão quanto a horários, locais ou pessoas, mudanças de comportamento e alucinações. Outros fatores contribuem imensamente no caso do Rabino Sobel: viagem aérea de longa distância, fuso horário, jet-lag, alto nível de stress, cansaço, alimentação irregular (tão comum em qualquer viagem).
Tudo isso explica perfeitamente o paradoxo acima: A entidade com a cara do Rabino Sobel não era ele na verdade. Sua mente ágil e inteligente estava devastada pelo efeito desses medicamentos. Eu não me surpreenderia se ficasse sabendo que o Rabino Sobel estivesse utilizando, também, antidepressivos. Seu uso e prescrição tornam-se, a cada dia, mais banalizados.
Isso tudo poderia ter acontecido com você. Menos, é claro, a enorme exposição negativa na mídia, já que você não é o Rabino Henry Sobel.
Na religião judaica, o rabino é um um Homem de Deus, responsável por aconselhar e ensinar seu rebanho. O Rabino Henry Sobel tem feito isso ao longo de toda a sua carreira, para pessoas de todas as religiões. O Rabino Sobel, mais uma vez, nos ensina grandes lições com este acontecimento tão triste, entre elas:
Muitos pacientes que sofrem de enxaqueca e utilizam-se de remédios com ações no sistema nervoso central, poderão se conscientizar no sentido de buscar mais ativamente a prevenção de sua doença através de mudanças nos seus hábitos e estilo de vida.
Além disso, aprendemos que as pessoas não devem ser julgadas apenas pelo que se leu ou ouviu falar, superficialmente, na imprensa. Como vimos acima, pessoas idôneas podem cometer atos impensáveis sob o efeito de medicamentos de uso comum.
Ainda que seja um acontecimento tão desagradável, desse acontecimento também, o rabino Sobel nos deu mais uma lição: não depender dos remédios, não achar que os remédios podem nos salvar de qualquer problema da vida. Eles podem ajudar algumas vezes, é verdade. Outras vezes, contudo, eles podem simplesmente devastar nossa vida, e acabar com nossa carreira.
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