Nevralgia do Trigêmeo é Dor de Cabeça das Piores
Leia com atenção, pois a maioria das pessoas que pensam ter nevralgia do trigêmeo, na verdade não sofre disso, e sim de uma forma de enxaqueca afetando regiões da testa (frontal), bochecha e/ou arcada dentária superior (maxilar), e arcada dentária inferior (mandibular). Além disso, muitos médicos também se confundem e fornecem esse diagnóstico a quem não tem. Este artigo começa descrevendo os sintomas da nevralgia do trigêmeo. Em seguida, serão enumeradas as principais causas da nevralgia do trigêmeo. Ao final, você conhecerá também as principais vertentes de tratamento da nevralgia do trigêmeo.
Sintomas da Nevralgia do Trigêmeo
A nevralgia do trigêmeo é uma doença que acomete um nervo craniano chamado trigêmeo, e acomete sempre um só lado (metade) da face (e sempre o mesmo lado, não mudando de lado), numa das seguintes três regiões: testa, bochecha (maxila) ou região da arcada dentária inferior (mandíbula). A dor da nevralgia do trigêmeo ocorre sempre somente naquela mesma região. A nevralgia do trigêmeo costuma se iniciar numa idade mais avançada que aquela do início da enxaqueca: a maioria dos casos de enxaqueca costuma se iniciar na adolescência, enquanto a maioria dos casos de nevralgia do trigêmeo costuma ter início após os 40-50 anos de idade.
Não basta ter dor numa destas regiões – frontal, maxilar ou mandibular – para se afirmar que esse indivíduo tem nevralgia do trigêmeo. É preciso, também, que a dor seja em “choque elétrico”. O tipo, qualidade, duração e fator desencadeante da dor da nevralgia do trigêmeo são, tipicamente, muito característicos. Sabe aquela dor que parece um choque elétrico e que a gente sente quando bate acidentalmente (ou aperta) uma certa área do cotovelo, por onde passa um nervo que fica do lado do osso, para o “lado de dentro”? Pois então, a nevralgia do trigêmeo provoca justamente o mesmo tipo de dor: uma espécie de “choque” na região acometida – frontal, maxilar ou mandibular, cada uma delas correspondendo a um dos três ramos do nervo trigêmeo (ramo frontal, ramo maxilar e ramo mandibular). Porém, diferente e muito pior que o “choque” da batida acidental do cotovelo, no caso da nevralgia do trigêmeo não costuma ocorrer um único choque, mas sim uma sequência muito rápida de vários desses “choques” (geralmente 5 a 10 ou mais choques no espaço de 1 ou 2 segundos), um choque disparando atrás do outro. Essa sequência de “choques” da nevralgia do trigêmeo muitas vezes se inicia de repente, sem dar sinal. Cada “choque” dura fração de segundo, e cada sequência de choques sucessivos não dura mais de vários segundos. Porém podem ocorrer várias, por vezes inúmeras, dessas sequências de “choques” num único dia, causando imenso tormento em quem sofre de Nevralgia do Trigêmeo.
Ao contrário da dor da enxaqueca, os “choques” da nevralgia do trigêmeo podem ser desencadeados por fatores físicos como o ato de fazer a barba, o contato de uma certa região do rosto com água fria (no ato de lavar o rosto, por exemplo), o contato da região interna daquele lado da boca com comida, com a escova de dentes, além de outros fatores, como tossir, dar risada, espirrar, tocar a região da face acometida, ou até mesmo o ato de falar! Muitas vezes, as sequências de “choques elétricos” podem aparecer do nada, sem a presença de nenhum dos fatores desencadeantes acima.
Causas da Nevralgia do Trigêmeo
A causa da nevralgia do trigêmeo está ligada, na maioria dos casos, a uma compressão de um dos ramos (frontal, maxilar ou mandibular) de um dos nervos trigêmeos (nós temos um par de nervos trigêmeos um para cada metade da cabeça), perto da sua raiz. Outros casos são devidos a um problema chamado desmielinização, onde o nervo vai perdendo a sua “capa” externa de proteção. Outras causas, ainda, envolvem a presença de tumores ou de certos problemas nos vasos sanguíneos que correm em paralelo com os referidos nervos, formando feixes de nervos, artérias e veias. Outra possível causa envolve trauma, que pode ter sido causado por ferimento, cirurgia etc. Todas estas causas devem ser pesquisadas, pois podem provocar a nevralgia do trigêmeo. Certos problemas dentários e seus tratamentos, também podem desencadear nevralgia do trigêmeo.
Tratamento da Nevralgia do Trigêmeo
O tratamento da nevralgia do trigêmeo não é simples. Quase nenhuma das drogas utilizadas para o tratamento da enxaqueca costuma ser eficaz. Usa-se, muito frequentemente, um remédio de nome carbamazepina (nome comercial Tegretol), que geralmente é muito eficaz, na dose correta. Mas nem todas as pessoas podem tomar este remédio, e nem todas as pessoas toleram os efeitos colaterais desta droga, de modo que cabe ao médico avaliar os riscos e benefícios individualmente para cada paciente. Outros remédios podem ser utilizados para nevralgia do trigêmeo, entre eles o baclofeno, o valproato de sódio, a fenitoína, a pimozida, o clonazepam, a pregabalina, a gabapentina e o topiramato. As indicações, riscos e benefícios de cada um destes remédios, ou combinação de mais de um deles, variam de indivíduo para indivíduo e são determinadas pelo médico que você elegeu para tratar da sua nevralgia do trigêmeo. Também vem sendo estudada a possível eficácia da estimulação magnética transcraniana repetitiva no tratamento da nevralgia do trigêmeo.
Caso não ocorra melhora, pode-se recorrer a um bloqueio na parte externa do ramo do nervo que está causando a dor da nevralgia do trigêmeo. O bloqueio é feito com uma injeção local, de um tipo de álcool, e resultará numa região da face anestesiada por 6 a 12 meses. Durante esse período, a grande maioria dos pacientes fica sem dor. Mas após esse período a dor pode retornar, e caso isso aconteça, pode-se optar por novo bloqueio, ou então um recurso chamado rizotomia por radiofrequência ou por glicerol. Consiste em queimar aquele nervo com correntes de radiofrequência ou com a substância glicerol. Resulta em anestesia por períodos muito mais prolongados. Em teoria, a injeção de glicerol destruiria as fibras menores primeiro, resultando numa diminuição da dor, mas, também teoricamente, sem perda da sensação de tato. Na prática, às vezes, é diferente. Esses procedimentos são realizados com anestesia local e sedação leve. A rizotomia por radiofrequencia, embora seja mais invasiva e exija mais sedação enquanto o cirurgião “queima” o nervo, é um procedimento mais controlável, pois ele pode determinar por quanto tempo quer manter a corrente. Ao passo que o glicerol, uma vez injetado, fica lá até se dissolver por si mesmo. Outros procedimentos existem, e podem ou não possuir indicação para cada caso, como por exemplo, destruição da raíz do trigêmeo por focos de radiação gama.
Por fim, o último recurso para o tratamento da nevralgia do trigêmeo é uma cirurgia na qual se exploram as regiões mais profundas do trajeto do nervo, dentro do crânio, no intuito de encontrar uma compressão desse nervo. Este costuma ser o tratamento mais eficaz e mais definitivo, porém é o mais arriscado e sua indicação deve ser avaliada caso a caso.
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