Gatilhos de Enxaqueca – Quando Suspeitar
Muitos sofredores de enxaqueca (mas não todos) podem ter crises desencadeadas por uma infinidade de fatores. Estes recebem o nome de fatores desencadeantes ou gatilhos. Recebem esse nome aqueles fatores que podem resultar no desencadeamento de uma crise de enxaqueca, quando um portador da doença se expõe a eles.
Exemplos de gatilho de enxaqueca:
- Stress
- Alimentos
- Jejum prolongado
- Acordar mais tarde que o usual
- Dormir durante o dia
- Esportes fora da rotina
Todos esses fatores são apenas alguns exemplos dos inúmeros possíveis gatilhos de crise para quem sofre de enxaqueca.
Recebi de uma leitora a seguinte pergunta:
–”Olá! Se possível, me responda algo que não encontro resposta em sites: Quanto tempo depois do organismo ter tido contato com o gatilho de uma crise, essa crise poderá despontar? Por exemplo: se for alimentar, depois de quanto tempo após ter ingerido o alimento, a crise aparecerá? Tem como ter uma ideia ? Muito obrigada.”
Do Gatilho à Crise é Muito Rápido.
A resposta é: normalmente é muito rápido. Tão rápido a ponto de não restar dúvida daquele fator ter sido o desencadeante.
Note, no entanto, que eu usei as palavras “gatilho” e “desencadeante” – e não “causa”.
A verdadeira causa do desequilíbrio químico cerebral da enxaqueca está no estilo de vida. Não dá sinal imediato. O estilo de vida inadequado vai influenciando, com o tempo, o desequilíbrio neuroquímico. Vai tornando o indivíduo já predisposto geneticamente, a apresentar os sintomas da enxaqueca.
E esses sintomas podem surgir mediante estímulos (fatores desencadeantes, também chamados de gatilhos) que, em quem não sofre da doença enxaqueca, não causariam nada demais. Pesquise o termo “desencadeantes” aqui no site e encontrará artigos a respeito.
Muitos enxaquecosos que têm dores de cabeça frequentes tentam se precaver de potenciais gatilhos. Por isso, permanecem eternamente vigilantes, de olho no que poderia ter desencadeado a última crise. Desse modo, acabam frequentemente se confundindo, considerando gatilho aquilo que não é.
Características de um gatilho de enxaqueca
O que você precisa saber para identificar um fator desencadeante:
- Consistência (cada exposição resulta em alta chance de crise)
- Tempo curto (minutos a poucas horas) entre exposição e crise
Qualquer coisa fora isso é neurose
Só quem sofre de enxaqueca sabe o quanto dói. Por esse motivo, naturalmente se preocupa em identificar e evitar potenciais fatores que lhe provoquem crise. Até aí, nada contra.
O problema é a preocupação excessiva, que não traz benefício, pelo contrário, estressa e por isso aumenta a chance de mais crises.
Para identificar corretamente um desencadeante a ser evitado, simplesmente siga a regra e veja se o fator suspeito preenche as duas características enumeradas acima.
Consistência
Em primeiro lugar, precisa existir consistência. Por exemplo:
“-Sempre que eu me exponho ao vento direto do ar condicionado, tenho crise.”
Ou quase sempre, também vale.
Mas se você não percebe essa consistência, então não adianta ficar se desesperando. A dúvida, por exemplo, “-Não sei se foi o ar condicionado” já é suficiente para descartar o ar condicionado da lista de fatores desencadeantes. Pelo menos os relevantes, aqueles que merecem ser incluídos na sua lista de preocupações e evitados a qualquer custo.
É claro que a consistência pode incluir um fator de contexto. Por exemplo: “-Sempre enquanto estou menstruada, se me expuser ao vento direto do ar condicionado, tenho crise” (ou quase sempre). Também vale, sem dúvida nenhuma, incluir este fator na lista dos desencadeantes, mas apenas no contexto da menstruação.
Tempo Curto
Se a primeira característica é a consistência, a segunda é o tempo curto entre exposição ao gatilho e o surgimento da crise.
É errado, por exemplo, achar que o vento direto do ar condicionado ao qual você se expôs enquanto menstruada desencadeou crise uma semana depois de terminar a menstruação.
Exagerei de propósito neste exemplo, para ilustrar bem claramente. Mas a regra geral é: se a crise veio em mais tempo que poucos minutos ou poucas horas após a exposição a um determinado fator, é muito provável que esse fator não seja desencadeante. Claro que tudo tem exceções, então pode ser que você descubra algum raro fator que desencadeia só no dia seguinte – porém não mais do que isso.
O melhor não é “caçar” gatilhos
A enxaqueca é uma doença que resulta numa predisposição a ter crises de dor de cabeça e outros sintomas associados, mediante uma série infindável de fatores que, para outras pessoas, não provocariam nada.
Um tratamento preventivo adequado será tão mais eficaz quanto mais o paciente perceber que consegue se expor a situações que antes lhe desencadeavam enxaqueca.
Conclusão: é melhor procurar um tratamento preventivo adequado, a passar a vida “caçando” desencadeantes.
E um tratamento adequado não engloba somente remédios e procedimentos médicos. Engloba também ações que só você, e nenhum médico, pode fazer: mudanças chave nos seus hábitos e estilo de vida. Essa ação conjunta é o segredo do sucesso terapêutico.
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