Muitos enxaquecosos (nome dado aos sofredores de enxaqueca) conhecem bem o efeito negativo de uma série de odores sobre a enxaqueca. São tantos os cheiros capazes de desencadear ou agravar uma crise de enxaqueca! Cheiro de cigarro, de perfume, poluição, desinfetantes, sabonetes, desodorantes…
O que todos esses cheiros têm em comum?
Todos eles emanam de produtos absolutamente tóxicos.
Já se foi a época em que perfumes eram compostos de ingredientes 100% naturais. Os cigarros contêm, muito além do tabaco, centenas de produtos químicos potencialmente tóxicos que são adicionados durante a fabricação. Muitos desinfetantes e removedores contêm derivados petroquímicos tóxicos. E infelizmente, a maioria dos alimentos, bebidas e temperos industrializados contêm aromatizantes artificiais. Todos esses produtos podem desencadear ou agravar dores de cabeça e crises de enxaqueca em indivíduos que possuam sensibilidade química para com eles. Para falar a verdade, eu pessoalmente não recomendo esses produtos para ninguém.
Por outro lado, existem aromas especiais, de substâncias naturais como ervas, capazes de exercer uma ação positiva sobre o nosso cérebro, ao provocar uma reação de prazer, bem-estar e calma. As substâncias benéficas que compõem esses aromas são absorvidas diretamente das vias respiratórias para a circulação sangüínea. Não se conhece o exato mecanismo de ação dessas substâncias aromáticas, porém é certo que, uma vez dentro do nosso organismo, elas são metabolizadas de maneira similar a qualquer remédio.
Vários dos meus pacientes me disseram ter melhorado de dores de cabeça ao manusear (e portanto entrar em contato com o aroma de) ervas frescas como folhas de manjericão, hortelã, alecrim e menta; assim como flores como a lavanda e as rosas; e raízes como o gengibre.
Por que não fazer uma tentativa você também?
Escolha uma ou mais dessas folhas, flores ou raízes (de preferência orgânicas, ou seja, cultivadas sem agrotóxicos), e tenha-a(s) sempre por perto. Aproxime-a(s) de seu nariz e sinta seu aroma por vários minutos. Em seguida, observe como você se sente. Mais calma? Mais bem-disposta? Com menos dor? Sem dor?
Se você obteve benefício, utilize essas ervas, flores e raízes como parte de sua rotina de se cuidar. Aromatize sua água com elas (basta deixar uma boa quantidade de uma dessas plantas num recipiente com água de beber, fria, por duas horas, e em seguida coar e ir bebendo aos poucos, como você faria com a água pura). Faça um chá com essas plantas (frescas) (uma por vez). Acrescente-as à água de seu banho de banheira. Se não tiver banheira, despeje uma quantidade do chá dessas plantas, a uma temperatura agradável, sobre sua cabeça e corpo, após um bom chuveiro.
Algumas pessoas podem não sentir nenhum benefício adicional com esses aromas. Se esse for o seu caso, não precisa se preocupar. Afinal, enxaqueca não é “falta de algum aroma no organismo”. Aromas benéficos podem ajudar, como parte da ação conjunta que envolve uma série de importantes mudanças de hábitos e estilo de vida, no tocante ao sono, alimentação, atividade física, equilíbrio hormonal e emocional, conforme descrevo no meu livro. (Clique aqui para ler mais a respeito do meu livro)
Uma palavra sobre a aromaterapia
Aromaterapia é o nome dado à arte (e a ciência) da utilização de óleos essenciais para a obtenção de benefícios terapêuticos. É uma prática muito antiga, e baseia-se na extração natural de óleos aromáticos de plantas. Esses óleos são administrados pela via respiratória (inalação do aroma), e às vezes são misturados a outros óleos e líquidos naturais para serem aplicados na pele, sob a forma de massagens e banhos.
Embora, na teoria, o uso de óleos essenciais pareça uma ótima idéia, eu continuo recomendando para meus pacientes (e também para vocês, meus caros leitores), o aroma das plantas propriamente ditas, e não dos óleos essenciais, pelos seguintes motivos:
1. Os óleos essenciais são instáveis, ou seja, podem se oxidar facilmente caso expostos à luz ou calor (inclusive à temperatura ambiente de um país como o Brasil). A oxidação elimina propriedades benéficas e traz propriedades prejudiciais à saúde. Com essa informação em mente, os óleos essenciais deveriam, na minha opinião, ser refrigerados a partir da extração, e mantidos assim durante o transporte e armazenamento no ponto de venda. Deveriam continuar a ser mantidos refrigerados pelo consumidor, com exceção da quantidade que está a ser utilizada naquele momento.
2. Embora os óleos essenciais sejam naturais, isso não significa que eles sejam inofensivos. Por serem extremamente concentrados, o contato direto desses óleos com a pele, sem diluição, pode provocar irritação intensa.
3. Embora os óleos essenciais possam ter propriedades terapêuticas sobre as dores de cabeça, ansiedade e bem-estar, muito pouco se sabe sobre como esses óleos concentrados afetam outros sistemas do nosso organismo. Sabe-se, como eu já escrevi acima, que essas substâncias aromáticas são processadas (metabolizadas) pelo nosso corpo da mesma forma que remédios comuns (drogas). Portanto, conclui-se que podem possuir reações adversas (efeitos colaterais) prejudiciais, e podem possuir interações com outras drogas que você possa estar tomando para suas dores de cabeça.
4. O preço dos óleos essenciais é bastante elevado. E embora sejam caros, a maioria desses óleos essenciais não recebem os cuidados de refrigeração que deveriam receber.
Por tudo isso, repito: considero muito mais seguro para você, no seu dia-a-dia, se beneficiar do aroma não de óleos essenciais, mas sim de alimentos que você pode adquirir numa feira ou supermercado (de preferência na seção de orgânicos, é claro), alimentos esses que podem ser cheirados e até comidos à vontade.
Exceção: Sabonetes naturais (clique aqui para ler meu artigo sobre “O Melhor Sabonete”) aromatizados com óleo essencial ao invés de “essência” (que nada mais é senão um aromatizante artificial, potencialmente muito mais tóxico e prejudicial à saúde que qualquer óleo essencial desse mundo, por pior que tenha sido sua conservação) (portanto, muito cuidado quando você deparar com a palavra essência na descrição da composição de um produto). O problema é que o custo de uma barra desse sabonete pode ficar altíssimo, em função da quantidade de óleo essencial necessária – e isso espanta os consumidores menos bem-informados, que acabam preferindo o outro sabonete “natural”, porém aromatizado com “essência”.
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Dr. Alexandre Feldman, CRM(SP) 59046
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