Adoçantes e Enxaqueca Não Combinam.
Adoçantes, nas suas mais variadas formas, podem ser problemáticos para quem sofre de enxaqueca. Adoçantes são substâncias naturais (ou seja, que ocorrem e são extraídas da natureza) ou artificiais (sintetizadas em laboratório), utilizadas no lugar do açúcar (sacarose ou açúcar de mesa) com o intuito de adoçar, ou seja, conferir sabor e sensação de doce mais semelhante possível ao açúcar (sacarose).
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São exemplos de adoçantes artificiais: aspartame, acesulfame, sucralose, ciclamato, sacarina, neotame e advantame.
São exemplos de adoçantes naturais: mel, melado, rapadura, stévia, agave, tagatose, frutose, xarope de bôrdo (maple syrup), açúcar de coco, xarope de milho.
Bagunça na nomenclatura e conhecimento sobre adoçantes
Existe uma categoria de adoçantes naturais que tem recebido o nome de polióis, ou álcoois de açúcar. Como o próprio nome álcool de açúcar dá a entender, essas substâncias possuem estrutura química híbrida de álcool e açúcar. Não possuem nenhum efeito embriagante como o álcool etanol, são perfeitamente seguras para quem tem problema de alcoolismo (não causam desejo de ingerir álcool) mas possuem o efeito adoçante do açúcar.
Alguns exemplos de álcoois de açúcar (polióis) são: xilitol, eritriol, lactitol, maltitol, isomalte, manitol, sorbitol, hidrolisados de amido hidrogenado.
O termo poliol indica:
poli = o prefixo grego poli quer dizer muitos, sendo utilizado em palavras como polígono, polissílabo, polímero.
-ol = sufixo utilizado na nomenclatura química para indicar um composto à base de carbono ligado a um radical hidroxila (–OH). Acontece que, em química, qualquer composto à base de carbono ligado a um radical hidroxila, recebe oficialmente o nome de álcool.
Portanto, poliol = muitos radicais hidroxila, muitos –OH.
Então, a rigor, nada impede que a glicose e a sacarose, que é o açúcar comum, de mesa, sejam também exemplos de polióis. Afinal, assim como o xilitol, eritriol e demais exemplos citados acima, contêm múltiplos (poli-) radicais hidroxila (-óis). Frutose e glicerol (popularmente conhecido como glicerina) seriam outros exemplos. Veja a ilustração abaixo, comparando a fórmula estrutural das moléculas abertas de glicose, frutose, xilitol, arabitol e adonitol:
O termo polióis é amplo e não se restringe apenas a itens alimentares (“álcoois de açúcar”), mas também a derivados poliméricos, não comestíveis, desses açúcares, obtidos através de reações químicas industriais envolvendo a presença de outras substâncias e catalisadores. Exemplos de polióis poliméricos não comestíveis são o poliéster e poliéter.
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Açúcar comum, em pó, é tido como veneno à saúde.
No meu livro, explico como o açúcar comum de mesa (sacarose), assim como outros ingredientes culinários capazes de produzir picos excessivos de insulina no sangue (ex: farináceos), podem influenciar negativamente os níveis cerebrais do neurotransmissor serotonina, cujo desequilíbrio pode levar a doenças como enxaqueca, depressão, ataques de pânico, ansiedade, fibromialgia, entre outras.
Também tem sido amplamente divulgados, há vários anos, os males provocados por uma dieta desequilibrada em açúcar e demais ingredientes que produzem picos excessivos de insulina no sangue, na ocorrência de doenças cada vez mais comuns, como por exemplo obesidade, resistência à insulina e diabetes. O açúcar (sacarose), em particular, destaca-se também pela ação potencialmente negativa sobre os dentes, facilitando cáries. No sistema digestivo, quando em excesso, pode provocar desequilíbrio da flora intestinal (esse desequilíbrio recebe o nome de disbiose) e uma série de outras consequências negativas à saúde.
Frutose concentrada é tida como veneno à saúde.
A frutose é o açúcar que ocorre naturalmente nas frutas, daí o nome. Quando isolada, através de processos químicos em um pó ou xarope com a finalidade de adoçar refrigerantes, confeitos e uma série de produtos alimentícios industrializados, não provoca os picos de insulina que a glicose causa, mas mesmo assim é um veneno para o corpo. Sucos de frutas, mesmo sem adição de açúcar, concentram muito a frutose e também são um veneno para nós. Mel é doce por conta da frutose que contém. Adoçar com mel refinado é o mesmo que adoçar com pura frutose concentrada. Se você se chocou com essa informação e deseja conhecer e entender com profundidade o que acontece no nosso organismo quando ingerimos frutose, basta ler este artigo que escrevi no meu outro site, MedicinaDoEstiloDeVida.com.br, que aliás vale a pena você conhecer e acompanhar.
Adoçantes artificiais são venenos, segundo alguns.
A sacarina é um adoçante artificial que não estimula a produção de insulina, porém existem vários estudos americanos da década de 1970 sugerindo que este produto predispõe ao câncer. Vários outros estudos, realizados posteriormente, negam esta predisposição, de modo que nada é absolutamente certo.
Da mesma forma, o aspartame, adoçante artificial lançado na década de 1980 e sintetizado a partir do ácido aspártico e do metil ester da fenilalanina, por ser composto de aminoácidos, possui pouca ou nenhuma relação com o nível de glicose e insulina do sangue. Em pequenas quantidades, este adoçante não deve desencadear produção de insulina. Contudo, para alguns cientistas, ele também pode apresentar outros riscos para a saúde, um deles sendo um estado de hiperestimulação do sistema nervoso central (cérebro), o que pode facilitar o desencadeamento de crises de enxaqueca, por exemplo.
A sucralose, outro adoçante artificial, tem levantado alerta em alguns meios, quanto à possibilidade de estar associada a câncer e danos no DNA, quando submetida a temperaturas de cozimento, além da possibilidade de causar problemas na flora intestinal.
Em geral, os adoçantes artificiais estimulam o apetite. Alguns estudos demonstraram que os adoçantes artificiais acabam estimulando o ganho de peso, uma vez que são utilizados em várias dietas que baixam o metabolismo.
Eu não recomendo o uso de adoçantes artificiais, nem mesmo a sucralose ou o ciclamato.
Uma coisa é certa: eles não desencadeiam produção exacerbada de insulina. Neste aspecto, tudo bem.
No entanto, alguns indivíduos parecem apresentar, por alguma razão, cefaleias relacionadas à ingestão de aspartame e outros adoçantes artificiais. Os fabricantes destes produtos, contudo, negam que isso ocorra (é claro!). Aliás,
Remédios para enxaqueca podem conter adoçantes artificiais.
O pior é que a maioria dos remédios para dor de cabeça e enxaqueca, quando na forma de líquido para tomar via oral (gotas, xaropes, suspensões e afins) e comprimidos liofilizados (pense Maxalt RPD, Zomig OD, por exemplo) mastigáveis, sublinguais, efervescentes, etc, contêm adoçantes artificiais na sua composição. Para mim, isso é um contrasenso, já que um remédio contra dor de cabeça não deveria conter também um componente capaz de desencadeá-la. Sem dúvida que há exceções (ex: Novalgina gotas), que se encontram na forma líquida e não contém adoçante nenhum.
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Algum adoçante natural não faz mal, com alto grau de certeza?
A resposta mais honesta a essa pergunta pode parecer, à primeira vista, ser uma alternativa de adoçante natural que já se encontra disponível no mercado há algum tempo: a stévia, uma planta nativa do Paraguai. Até hoje, a pesquisa por stevia nos bancos de dados da ciência resulta em centenas de artigos citando propriedades benéficas da mesma. Mas preste atenção na composição do produto stevia que você está comprando. Alguns produtos utilizam o nome stevia no rótulo, mas também contêm outros adoçantes como a sacarina e Deus-sabe-o-que-mais na composição. Acontece que a stévia apresenta um retrogosto levemente amargo, que tantas pessoas reclamam nesse adoçante. Em termos de paladar, com certeza a stévia não está entre os mais aceitos pelo grande público.
Apesar que o problema do paladar está mudando. Descobriu-se que o gosto doce da stevia provém de dois glicosídeos:
- Steviosídeo e
- Rebaudiosídio.
O steviosídeo é doce mas deixa aquele sabor amargo no final, típico da stevia. Já o rebaudiosídio é bem mais doce e quasr nada amargo.
Portanto, vem aí a qualquer momento o adoçante “natural” à base de “puro rebaudiosídio”. Sem o amargor final característico da stevia e mais doce que o açúcar, sem alterar, como faria o açúcar, a insulina e os níveis de glicose no sangue.
O que não vão te contar é que para obter esse produto, rebaudiosídio, são necessárias dezenas de processos de extração e solventes químicos tóxicos. A questão é: como se pode garantir que o produto final, altamente refinado e industrializado, não pode vir a conter resíduos desses produtos tóxicos utilizados no refino? Os estudos sobre esse tópico são muito poucos, sendo quase todos patrocinados pelos próprios fabricantes.
Mas e o eritriol, xilitol, maltitol, etc?
O Eritriol é sintetizado a partir do amido de milho (geneticamente modificado? Pesadamente borrifado com agrotóxicos? Problemático para quem tem forte alergia ao milho?), por um processo de fermentação. Possui uma doçura de cerca de 70% da do açúcar (sacarose), sendo dezenas de vezes menos calórico e elevando a insulina dezenas de vezes menos menos. Deixa uma sensação levemente refrescante na boca.
O Xilitol é sintetizado a partir do milho (geneticamente modificado? Agrotóxicos? Problemático para quem tem forte alergia ao milho?), possuindo uma doçura igual à do açúcar, deixando uma sensação intensamente refrescante na boca (pense na sensação deixada por menta ou hortelã), o que pode limitar seu uso.
O Maltitol se produz através da hidrogenação da maltose (molécula constituída de duas glicoses), proveniente… quer adivinhar?… do amido de milho. Tem 90% da doçura do açúcar e não dá a sensação refrescante, sensação essa que poderia ser indesejável dependendo do que se vai comer.
Os hidrolisados de amido hidrogenado são produzidos a paritr da hidrólise do amido de milho, e posterior hidrogenação dos fragmentos de amido resultantes, os quais recebem o nome de dextrinas. Portanto, o termo hidrolisado de amido hidrogenado é utilizado para produtos finais contendo dextrinas hidrogenadas, sem especificar o poliol primário utilizado. Caso contenha mais de 50% de um poliol em particular, passa a ser chamado de xarope daquele poliol (ex: xarope de maltitol, etc). Possuem doçura bem menor que o açúcar, cerca de 30 a 50% apenas, a depender da composição. Por exemplo: um hidrolisado de amido hidrogenado contendo mais maltitol será mais doce que outro contendo mais sorbitol. Normalmente, os hidrolisados de amido hidrogenado são misturados a outros adoçantes, naturais ou artificiais.
O isomalte é sintetizado a partir do açúcar, resultando numa mistura de 2 dissacarídios, glicose+sorbitol e glicose+manitol. Tem metade da doçura do açúcar e, diferentemente da maioria dos álcoois de açúcar, não deixa nenhuma sensação refrescante ao ser ingerido. É dezenas de vezes menos calórica e eleva a insulina dezenas de vezes menos que o açúcar. Pode ser aquecido sem prejuízo do sabor e textura.
O Lactitol é feito a partir da lactose (açúcar do leite), tem menos de metade da doçura do açúcar, dezenas de vezes menos calorias e menos potencial de elevação da insulina.
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Processamento industrial, marketing e desinformação
Polióis (açúcares de álcool) são produtos processados industrialmente. Em termos de sabor, culinária e gastronomia, não são um substituto perfeito do açúcar.
…Mas poderiam ser utilizados no lugar de açúcar por portadores de doenças como diabetes, para quem o açúcar representa uma ameaça muito maior à saúde que a população como um todo.
…Poderiam ser utilizados no lugar de açúcar por obesos, para quem o açúcar representa calorias perigosas que podem trazer doenças associadas à obesidade.
…Poderiam ser utilizados no lugar de açúcar por toda a população, para combater de frente a epidemia de doenças cardiovasculares e tantas outras associadas ao consumo excessivo de açúcar…
Essa é a mensagem que o marketing desses produtos prega.
Na minha opinião, isso está longe de ser uma solução.
Quando utilizamos algum adoçante qualquer, o que estamos adoçando?
Um bolo? Um confeito? Um chocolate? Bala? Chiclete? Refrigerante ou outra bebida?
Está se olhando muito para o benefício do adoçante, e pouco para o prejuízo do que estamos adoçando, à saúde.
Lembra da caricatura do indivíduo que vai num churrasco, come um monte de macarrão, pão, etc, bebe litros de cerveja, e no final faz questão de colocar adoçante no café, para cuidar das calorias? (ou pede um refrigerante com “zero calorias”…)
Pois então: o que precisamos é repensar o que comemos e bebemos. E principalmente o que oferecemos às nossas crianças para comer e beber. O que está sendo adoçado costuma conter farinha (que é calórica e causa picos de insulina) e/ou uma série de produtos químicos potencialmente nocivos à saúde, comuns aos produtos alimentícios industrializados. O “adoçante natural” pode muito bem, infelizmente, desviar nossa atenção desse fato.
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Se na rotina do seu seu dia-a-dia você come carne, ovos, peixe, arroz, feijão, salada, queijos, iogurte/coalhada, cogumelos, castanhas e, de sobremesa, come frutas frescas ao invés de doces, e bebe só água e não sucos, refrigerantes ou outras bebidas, o que sobra para você adoçar com esses adoçantes?
Se excepcionalmente (e não rotineiramente), digamos menos de 1 vez por semana, você ingerir algo como um doce, bolo, bebida adoçada, quanto será necessário você evitar o açúcar e priorizar o adoçante?
Claro que é muito mais fácil alguém dar a desculpa que “é melhor adoçante que açúcar”, quando na verdade o melhor para a saúde seria tirar da rotina tudo o que precisa ser adoçado. Não estou sugerindo tirar da vida, apenas da rotina, e colocar na exceção. Esta sim, seria uma ótima, verdadeira e eficaz campanha de conscientização em prol da saúde. Mas envolve esforço pessoal, não é “politicamente correta” e não dá lucro à indústria, já que passariam a ser consumidos, na rotina, alimentos in natura ao invés de processados industrialmente.
Alguém pode criticar dizendo que estou fora da realidade. Mas não sejamos simplistas: a realidade incontestável é a epidemia de enxaqueca, obesidade, diabetes, depressão, ansiedade, fibromialgia, câncer e doenças cardiovasculares, influenciada por hábitos (inclusive alimentares) e estilo de vida inadequados, e que resulta num número crescente de intervenções agressivas por parte da indústria da saúde e alimentícia, porém sem tocar na causa, que se encontra dentro de nós. Cabe a nós decidir que realidade queremos para nós.
Se você sofre de enxaqueca, procure evitar ao máximo todo e qualquer tipo de açúcar e adoçantes. Os meus leitores e pacientes, quando se dispõem a mudar seus hábitos e estilo de vida, seguindo um programa abrangente elaborado especialmente para isso, acabam por nem sentir tanta falta de todo esse açúcar, e muito menos do adoçante. Leia mais sobre isso no meu livro. Vale a pena no mínimo parar para pensar.
Experimente, você também, viver com menos açúcar e praticamente sem adoçantes. Pode ser mais fácil – e mais proveitoso – do que você imagina!
Minha dica é comer frutas frescas no lugar de doces. As frutas são os doces que a Natureza nos oferece. Por isso, coma frutas frescas (e não secas, que concentram muito o açúcar da própria fruta) sempre que quiser comer um doce. De vez em quando, pode comer bastante, até a vontade de doces passar! Mas de rotina, coma frutas com moderação, no lugar de doces. Escolha frutas bem maduras, pois são as mais doces. Quando você menos esperar, terá adquirido novos hábitos, muito mais saudáveis.
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Dr. Alexandre Feldman, CRM(SP) 59046
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